O jovem e o trabalho no exterior

Aprimorar um idioma estrangeiro, amadurecer, aperfeiçoar o currículo, obter novas experiências profissionais e de vida. Esses são alguns dos objetivos dos profissionais que encaram o desafio de trabalhar fora do país. Os programas de trabalho no exterior são um atrativo e tanto para jovens executivos em busca de novas conquistas na carreira. O setor de trabalho em outro país foi um dos mais afetados durante a crise econômica que gerou muito desemprego nas nações que costumam receber intercambistas e, por conta do alto índice de desemprego, as vagas que surgiam eram preenchidas pelos próprios cidadãos do país. No entanto, com a retomada de muitas economias pelo mundo e a recuperação das organizações, essa prática está voltando a ser executada.
A oferta é boa, o salário é melhor do que o pago no Brasil, mas a cobrança é muito maior também. Quem decide optar por esse caminho deve ter a consciência de que o compromisso é grande com o empregador, já que a empresa financia sua formação profissional, deposita total confiança, mas quer ver os resultados. Gisele Mainardi, gerente de trabalho e estágios no exterior da CI, agência especializada em intercâmbio para jovens e executivos, que variam entre seis meses e um ano e meio, explica como funciona o processo: “verificamos qual a experiência profissional da pessoa e em que área está buscando especialização, entramos em contato e verificamos quais empresas estão dentro da área que eles buscam”. Segundo Gisele, desde dezembro do ano passado, a agência tem recebido muitas oportunidades de emprego para os EUA. “É necessário ter um bom perfil para que a empresa tenha interesse nele. Ao mesmo tempo, precisamos de empresas dentro da área de especialização que o candidato deseja”, completa.

Para esse tipo de programa de intercâmbio, a maioria das empresas participantes é de grande porte e multinacional, cujo interesse é ter uma diversidade cultural em seu grupo de colaboradores, não apenas pela riqueza que isso representa, mas também para absorver outras culturas. Manoel Vila Nova, supervisor de abastecimento do Wal Mart, é um exemplo de jovem executivo que participou de intercâmbio empresarial. “Tinha um emprego aqui no Brasil, mas não estava mais contente com ele. Pensei em dar um tempo, morar fora, e ter uma nova experiência, até para repensar a carreira. Viajei realmente com a intenção de verificar o que essa experiência iria me proporcionar”. Vila Nova trabalhou nos EUA como assessor de Marketing do Hilton Hotel. “Trabalhei com pesquisa de mercado, pesquisa de preços com outros hotéis concorrentes e até no helpdesk para melhorar a fluência no idioma inglês. A cultura corporativa americana é diferente da nossa. Você não fica engessado em uma só função”, observa. Como estamos falando de jovens, geralmente recém-formados, a questão da maturidade pessoal e profissional fica em evidência. Para esse tipo de programa, a idade recomendada é a partir dos 23 anos de idade. “Se pegarmos uma pessoa muito mais nova do que isso, há a questão da adaptação. Estamos falando de pessoas que são mais novas; que, em geral, ainda moram com os pais; e que ficarão um ano ou mais fora, sozinhas, trabalhando e respondendo por tudo que fazem: ganhar salário e pagar contas sem ajuda dos pais”, afirma Gisele Mainardi. Para ela, o jovem deve ter não só as responsabilidades com o empregador, mas também tocar a vida sem depender de ninguém.

As áreas que geralmente empregam esse perfil de profissional são as de tecnologia, administração, marketing, design e, principalmente, turismo. As vagas estão relacionadas à indústria hoteleira, já que o próprio tipo de atividade exige que a empresa tenha staff internacional e variado. “Hoje, trabalho em uma área que não é de hotelaria, mas só o fato de ter passado por essa experiência fora do país, pesou muito para minha contratação aqui no Wal Mart, que é uma empresa americana, com filosofia e cultura parecidas com a do Hilton Hotel”, diz Vila Nova. Gisele Mainardi afirma que quem se interessar por esse tipo de experiência, é importante ficar muito atento, já que as empresas estão abrindo muitas oportunidades fora. ”O início do ano é uma época em que as empresas fazem esses processos seletivos de trainee para contratação até o mês de agosto”, completa.

O retorno Um dos objetivos do profissional que opta pelo trabalho no exterior é aprimorar o currículo, a fim de conquistar melhores posições aqui no Brasil em sua volta. As empresas nacionais vêem com muito bons olhos os profissionais que tiveram experiência fora, pois além de uma vivência diferente, a pessoa que passou por esse teste, costuma ser mais flexível, já que se adaptou a novos ambientes e culturas. E isso é muito avaliado e buscado pelas empresas brasileiras. “Trouxe uma carta de recomendação do diretor de RH do Hilton Hotel com diversos elogios a meu respeito, comentando que fui o melhor trainee que já havia passado por lá e que foi um grande acerto deles terem me contratado”, relata Vila Nova, “mostrei essa carta para meu atual diretor no Wal Mart e isso foi preponderante para minha contratação”, finaliza.



Por Caio Lauer

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