Luiz Gabriel Tiago é entrevistado pelo Jornal Santuário - Agosto de 2010

1- Partiu de qual necessidade criar um livro sobre este assunto?
Várias pessoas me fazem essa pergunta e a resposta é sempre a mesma: fui motivado pela raiva na empresa em que trabalhava e esse sentimento me fez repensar muitas coisas, principalmente a necessidade das pessoas lerem sobre o assunto.
Mas, esse livro não poderia ser exatamente sobre a patologia da raiva, efeitos orgânicos ou implicações psicológicas, e sim, queria escrever sobre o que as pessoas realmente são capazes de fazer quando sentem raiva, especialmente no ambiente profissional.
Me sentia um alienígena e não imaginava que outras pessoas também passavam por isso.Quando o livro foi publicado, recebi vários comentários no meu blog de leitores que agradeciam ter lido textos tão verdadeiros e francos e que retratavam a realidade nua e crua.

2- No livro, o senhor trata das mudanças de atitudes, da demonstração da inteligência, dos desafios no trabalho, do uso da tecnologia, entre outros aspectos. Detalhe um poucos sobre estes assuntos que foram refletidos no livro.
É normal sentirmos raiva e querermos aniquilar o “inimigo”. Mas como fazer isso sem perder a compostura, ética ou profissionalismo. Na verdade, não estimulo a vingança ou qualquer outro sentimento negativo. A minha proposta é vencer a raiva e usá-la como trampolim para o sucesso. Sim, ela pode ser convertida em ambição e transformar nossa carreira profissional, desde que seja interpretada de forma otimista e positiva.
Usar a inteligência para conquistar a confiança de outras pessoas, demonstrar sabedoria e maturidade, se engajar em projetos sociais e se comprometer com novas idéias dos líderes são algumas estratégias de como “driblar” a raiva de forma saudável e comprometida com o sucesso da corporação. São atitudes simples no dia a dia, mas que podem influenciar bastante na busca por uma boa posição no mercado de trabalho.


3- O que pode e o que não pode nas relações de trabalho quando unidas a vida pessoal? Até quando separar as coisas é importante?
Podemos nos relacionar da maneira que acharmos conveniente dentro da empresa, desde que não ultrapassemos os limites do respeito e da tolerância. Passamos a maior parte da semana trabalhando e convivendo com pessoas que não são da família e muito menos nossos amigos. Por isso esse contato diário acaba desgastando e o convívio acaba se tornando sufocante. Se agirmos sempre com cautela e soubermos “levar” as situações, encarando-as de forma profissional, ficará menos penosa essa situação.
De qualquer forma, todos nós somos seres humanos e temos problemas diversos. Sempre reforço em minhas palestras que as empresas devem buscar a humanização em suas gestões já que o cliente interno demanda cada vez mais atenção. Todos somos e estamos muito carentes, necessitando de cuidados e “mimos” todos os minutos justamente pelo tempo que não compartilhamos com nossos amigos e familiares. E, além do mais, quem consegue desenvolver suas tarefas diárias e produzir quando existem problemas pessoais insistindo em continuar no pensamento?

 
4- Quais os principais desafios ao escrever a obra?
O maior desafio de todos foi ser verdadeiro e escrever de forma que todos pudessem entender o verdadeiro sentido da raiva. Ela só é perniciosa se não for combatida no início porque pode se alastrar como uma erva daninha e comprometer várias equipes e inclusive os resultados da empresa.
Acredito que tenha conseguido de alguma forma transmitir essa mensagem e colaborar para o sucesso de muitas pessoas pois o feedback que tenho recebido me mostra isso, mesmo porque desmistificar esse sentimento pode ajudar a vencê-lo e a não ser dominado pela depressão.

5- Qual a repercussão da obra? Estão sendo positivas? É o seu primeiro livro?
Sim, esse é o meu primeiro trabalho publicado e sua repercussão tem sido fantástica. Tenho recebido vários convites para ministrar palestras em universidades e empresas e participar de mesas redondas sobre o assunto, já que resolvi “mexer na ferida” de muita gente, em especial os empresários que insistem naqueles moldes de gestão antiquada preocupada exclusivamente com os resultados numéricos.
Tantos essas empresas quanto os profissionais que não se preocupam com o capital humano tendem ao fracasso mais cedo ou mais tarde, já que ainda não inventaram uma estratégia mais poderosa que a gentileza e cordialidade no trabalho.

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