CONFIANÇA. A PORTA DE ENTRADA PARA SI MESMO. Por Joel Thrinidad.

Há seis requisitos básicos para o sucesso: O primeiro chama-se fé, e os outros cinco, Confiança. Eis ai a condição básica de nossa vida.


A confiança é a pedra fundamental de nossa existência e da relação que temos com nós mesmos e com outros semelhantes. Sem confiança ficaria difícil acreditar em probabilidades, circunstâncias, nas fórmulas químicas, ou em qualquer coisa, que não estivesse diante dos nossos olhos, ao alcance de nossas mãos e em tantas outras que cremos, mesmo sem nunca ter visto. Nela estão baseadas as amizades, as relações familiares, os velhos e novos romances, os acordos comerciais, os novos negócios e todo o tipo de projeção para o futuro. Desistiríamos de tudo, já nos primeiros erros e jamais nos curvaríamos sequer à possibilidade de cometê-los, ainda que alguns deles resultassem em os acertos, em brados de vitórias, em comemorações como em final de filmes que nos emocionam, quando o mocinho é ovacionado pela torcida no penúltimo instante de jogo pelo ponto realizado. Nossa vida, assim como nos filmes é resultado de uma crença compartilhada, quando não duvidamos de sonhos possíveis, mesmo que nossa fé, seja pouca para acreditar que exista água no deserto.

A confiança é um mal necessário, já que não podemos fazer tudo, que não conhecemos a tudo e que não estamos presentes em tudo, nem nos fatos mais óbvios de nossa vida. Os livros estão recheados de personagens confiantes, entusiastas, de desbravadores que foram abrindo estradas onde não havia passagem; responsáveis pelas grandes navegações, cruzando mares tendo apenas as estrelas como guia, mesmo sem nunca ter chegado no fim do mundo. Tudo está baseando na confiança e sem ela, nada existiria e confiando uns nos outros é que a vida de cada um é escrita. Confiamos nossa casa, a vida de nossas famílias nas mãos de completos desconhecidos e não confiar em si mesmo parece uma ironia cheia de riscos.

A autoconfiança é a primeira relação de amor que temos por nós mesmos, uma vez que a confiança que temos com o mundo e com os outros está fundamentada em outros valores independentes de nossas crenças. Tanto a autoconfiança quanto a confiança nos outros se formam com a palavra, com o caráter, com os ideais que ouvimos de nossos pais, da certeza de que todo homem de bem pense e age como um homem de bem, fazendo o que for mais sensato para si e para todos. É impossível nascer sabendo de tudo, muito menos aonde iremos chegar, sem começar crendo em si mesmo para saber se estamos no caminho certo. Assim se formaram os grandes pensadores do passado e que continuam influenciando a nossa atualidade. Formadores de opinião como nós, médicos, engenheiros, grandes maestros e porque não incluir nessa categoria os escritores, que vivem de contar o que sonham, mesmo sem a certeza de encontrar quem os ouça.
 
A autoconfiança é capaz de mudar tudo. Nascemos, aprendemos a andar sob passos em falsos, caímos e não desistimos de tentar, mesmo que nossa mente seja muito jovem para admitir a derrota. Começamos uma faculdade na esperança de que quando nos formarmos seremos tão promissores quanto à profissão que escolhemos. Casamos com a convicção de que o ato de dividir o mesmo teto com mais alguém nos faça mais felizes do que já somos. Criamos nossos filhos na certeza de que morreremos primeiros que eles.


Tudo, absolutamente tudo está baseado na confiança e com ela criamos as expectativas sobre nossos planos, crendo que podem dar certo e que a ninguém cabe o direito de colocar dúvida, muito menos diminuir a nossa capacidade. Seguimos criando os sonhos mais íntimos e nos empenhamos na realização deles, no entanto, não basta apenas querer, tem que confiar e exercer a vontade de vê-los acontecer.

Não há nada que façamos na vida, que não seja em busca de resultados. Almejamos que os sorrisos se abram para nós e confirmam que loucos eram os outros que não vêem o que a gente vê. Todo empreendedor é devoto de si mesmo e acredita mais que os outros. Ele lança a semente sobre a terra, mesmo sem ter a certeza de que fará uma boa colheita, acreditando que sol e a chuva serão suficientes para a plantação e que o preço da venda compense todo o trabalho. Somados a isso somos partes fé, que depositamos em nós mesmos e a outra parte é feita da certeza que nos fazem tapar os ouvidos à desconfiança dos outros. Enquanto houver esperança, lá estará a vitória e vitória a gente só vê quando não tem medo de tentar, mesmo errando tanto.

As regras foram feitas para que as pessoas que acreditavam que elas eram necessárias, assim como os remédios que são criados, a partir do veneno que contêm na fórmula. Basta uma dose errada para pôr fim à diferença entre o médico e o monstro. Tudo o que temos, vestimos, comemos é feito por alguém com o mesmo potencial que o nosso e a essa pessoa damos todo o crédito, quando compramos e usamos seus produtos, quando reconhecemos que não faríamos melhor, assim mesmo alguém nos confia metas a serem alcançadas e assinam com isso a oportunidade de provar que a todo custo faremos o melhor para atender as suas necessidades. É uma troca justa, onde não existe emenda e nem rasuras.

Hermógenes escreveu certa vez em seu livro Mergulho na Paz: "Quando eu disse ao caroço de laranja que dentro dele dormia um laranjal inteirinho, ele me olhou estupidamente incrédulo." Incrédulo, porque a autoconfiança é o que diferencia uma pessoa de outra. Não permitindo que ninguém duvide de sua capacidade e reduza os seus limites. Não existem parâmetros, para quem sonha acordado e se realiza colocando a cara no trabalho, passando madrugadas inteiras desenhando possibilidades em caminhos que desconhece, mas que ninguém a proíbe de sonhar.

. Se não contarmos a ninguém as nossas fraquezas e dos medos que sentimos, ninguém saberá o que tememos e de tudo aquilo que nos fragiliza. Só nós sabemos dos males que nos tornam humanos, por debaixo da capa de super-herói, e todas as coisas que precisamos fazer para recuperarmos as forças, por isso é que ter a autoconfiança e autodisciplina, devidamente ajustadas são tão importantes para nos tornarmos pessoas otimistas, seguras, entusiastas, com garra para seguir adiante sem hesitar, mesmo que não haja quem nos acompanhe.

Deus criou o mundo e no sétimo dia descansou. Se Deus não tivesse feito nada certamente teria prolongado seus dias de descanso, mas a preguiça não dignifica um Deus perante a sua criatura. Ora, se Deus não fosse um grande empreendedor não estaríamos aqui tentando criar nosso mundo dentro do mundo que Ele criou e não teria direito ao descanso divino que ele gozou. Há quem diga que foi ai que Deus errou, deixando que a criatura, ainda incompleta, dominasse o resto do mundo. "A confiança é a mãe do descuido." Já dizia Baltasar Gracián y Morales. E é por esse descuido que vagamos em busca da tão sonhada perfeição.


Ser autoconfiante demais também é um problema, como tudo que é feito em exagero, podendo nos tornar arrogantes, presunçosos, egoístas e causar mais danos do que resultados positivos. A auto-suficiência é pouco eficiente nesses casos e requer muita prudência e sensatez para não exagerar na dose certa de si mesmo, sem deixar de ver que precisamos das outras pessoas.

Assim como ser confiante demais é prejudicial à nossa vida, ser inseguros demais nos torna temerosos de tudo. O pessimista vê uma derrota em cada tentativa e um fracasso em cada possibilidade. É melhor se admitir fracassado do que merecedor de vitórias. Coloca dúvida em si mesmo e alimenta o ciúme e insegurança. Assumi-se digno de confiança alheia com a mesma convicção que desconfia dos outros. É capaz de apontar dez defeitos, mas incapaz de tecer um elogio. Por medo de perder, reserva-se ao direito de não abrir a guarda. Prefere se defender acusando ao sinal de qualquer ameaça. Desestimula as pessoas e se fortalece. Não compram livros de auto-ajuda, porque não confiam em si mesmos. E o pior de tudo é que mesmo sendo pessimista, nunca estão sozinhos, porque há que acredite em suas lamúrias e veja sensatez nos enganos que prega. Em suas filosofias a derrota está para o fracasso, assim como a água está para o gelo.

Na mesma batida segue o conformista que aceita as condições que lhe são impostas, sem reclamar, se permitindo limites, se trancando numa caixa de paredes, sem jamais hesita de nada que lhe digam atrás dos muros. É mais fácil conformar-se do que reinvidicar, de renegar o que não lhe agrada. Os conformados não mudam de casa, não mudam de hábitos, não mudam de emprego. Não ajudam, para não acumular favores de ninguém, seguindo a filosofia ‘do melhor sozinho do que mal acompanhado’ sem perceberem que por si só são as piores companhias que poderiam ter. Os conformistas depositam suas chances em possibilidades remotas e se limitam a pronunciá-las o tempo todo como autoflagelação: “Somente quando forem despedidos procurarão um novo emprego, Só quando perderem peso, pensarão em casamento, Só quando perderem a vergonha terão mais amigos, Somente quando ficarem mais velhos buscarão a Deus”.

O confiante, abusando de sua sensatez vai além de suas forças para conquistar o sucesso. Não se amedronta com a derrota e não se deixa vencer facilmente. Fortalece-se com os desafios, se alimenta de obstáculos e da capacidade de superar cada barreira. Entusiasma se com as pessoas, as deixam motivadas a seguir, a confiarem em seu trabalho e não duvidam de gentilezas. Não reclamam se for preciso juntar esforço, suor e algumas lágrimas aos seus planos. Reforça os nervos e os músculos para as lutas mais difíceis e se alimenta da ansiedade de trabalhar duramente, mantendo a confiança desce cedo, ainda que não a tenham herdado de seus pais.

Madre Tereza certa vez, reunindo-se com seus superiores disse que tinha apenas três centavos e um sonho de construir um orfanato. Como resposta foi repreendida por um deles, dizendo que com aquele dinheiro não se poderia fazer absolutamente nada, no entanto confiante, ela abriu um sorriso e lhes disse: Com Deus e três centavos, eu posso fazer qualquer coisa!

Se com três centavos é possível construir um orfanato, imagina o que o mundo faria se você acreditasse em si mesmo?

Não duvide e o mundo se curvará!

Parte integrante da obra “As Almas De Dentro” de Jöel Thrinidad


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