Existem mentiras que ouvimos desde criança e crescemos convivendo com
elas. Nossos pais nos ensinam que devemos respeitar o próximo porque isso é o
correto, que não devemos julgar ninguém, que precisamos ser tolerantes, etc. Até
que alguma coisa aconteça e nos faça criticar, julgar e tomar atitudes
contraditórias.
Por exemplo, dizer que não somos preconceituosos ou intolerantes com
muitas coisas deveria ser politicamente correto ou lei já que somos “educados”
para isso.
Mas o cenário muda quando nos vemos numa discussão com uma pessoa de cor
negra, quando um homossexual aparece na mídia ou quando algo acontece com
alguém de outra religião.
Pense bem: quantas vezes agredimos os outros por esses motivos ou nos
vemos pensando dessa forma, sem escrúpulos e com pré-conceitos adquiridos ou
herdados?
Considere também a influência que recebemos de pessoas ao nosso redor,
como amigos, parentes e colegas de trabalho – certas pessoas são facilmente
contaminadas pelo mal e se deixam persuadir sem perceber, quando veem, já estão
fazendo parte desses grupinhos que adoram criticar ou ofender as minorias. Se
ainda fizessem abertamente, saberíamos quem são e poderíamos tentar um
esclarecimento. O pior é que se camuflam por trás de uma roupagem de “bom moço”
e não conseguimos identificá-los.
São conceitos importantes que aprendemos durante a infância e que fica
muito difícil nos livrarmos deles.
Nessa geração atual a forma de encarar o mundo é um pouco diferente,
mais amena, suave, mas mesmo assim ainda vemos cenas de intolerância religiosa,
sexual ou étnica.
O que será que ensinaremos aos nossos filhos e netos? Agredir livremente
qualquer pessoa, espancar homossexuais, apedrejar templos de outras religiões?
Ou será que multiplicaremos a paz e respeito ao próximo?
Mas aquela opinião ainda existe: “Respeito os gays, mas não aceitaria se
um filho meu fosse também”. Como se a sexualidade fosse um produto a ser
comprado no mercado. “- Se não quiser mais, devolvo ou jogo fora.”
A realidade já mudou tanto, o mundo evoluiu, as gerações mudaram – dos
“Babyboomers” à Geração Y, de Woodstock à Rock in Rio, que impressiona algumas
atrocidades que somos obrigados a conviver todos os dias.
Meus senhores, ser preconceituoso é mentir para si mesmo e fazer de conta
que ainda vivemos no século 20! A verdade liberta dessas amarras antiquadas e
que só mostram como suas cabecinhas são medíocres. Até quando vão persistir
nisso? Será se não enxergam a necessidade de uma reforma íntima e criação de
valores?
Uma das frases do Profeta Gentileza (José Datrino) que mais me comovem é
a seguinte: “- O homem do futuro é o homem gentil”. Só que o homem do futuro
que ele se referia há mais de 40 anos atrás já somos nós, aqui e agora, - e não
podemos mais adiar a mudança de conduta que já deveria ter sido feita.
Respeitar o próximo e suas diferenças é sim um mandamento inquestionável e
indispensável para a nossa geração e as próximas!
Para ser considerada uma pessoa gentil, o homem deve possuir predicados
indispensáveis para o bem comum como a solidariedade, tolerância, amor e
respeito ao próximo, - sem falar na naturalidade e espontaneidade das atitudes
– ambas inerentes e fundamentais para os pilares da gentileza humana.
Aí podemos ver o que acontece nas empresas do século 21: homens
assediando mulheres (sim, a maioria dos casos de assédio moral acontece por
parte dos homens contra as mulheres), que são obrigadas a se sujeitar as
humilhações porque muitas vezes são as “chefas” do lar, falsos líderes que
agridem verbalmente suas equipes e colegas de trabalho, ofensas e outras
aberrações laborais.
A gente não se dá conta de que muitos profissionais são sufocados por
tiranos diariamente e que precisam mentir para si mesmos que são felizes no
trabalho.
Opa, como assim mentir que é feliz no trabalho? Por quê? Simplesmente
porque muitas pessoas têm medo de trocar o certo pelo duvidoso, não têm coragem
de ousar e empreender em busca de uma nova colocação no mercado, porque já
trabalham há anos na mesma empresa, ou se acham incapazes de uma nova chance. Também
existem aquelas que pessoas que se acomodam e que se acovardaram com o passar
dos anos, tendo um grande medo de mudar, renovar ou transformar sua vida.
Resumindo: a auto-estima está em falta no mercado; tem muita gente sendo
apedrejada e precisando de um suspiro de alívio. Sequer percebem que existem e
podem sobreviver “pós-empresa-atual”, dar uma guinada profissional e se
recolocar em outra empresa. Também podem empreender em causa própria criando
seu próprio negócio ou trabalhando de forma autônoma
Em conversa com Gerentes de Recursos Humanos, fiz uma pergunta para que
todos pudessem me responder se eles contratariam homossexuais, negros ou
religiosos para cargos de liderança. Todos me responderam que sim, lógico.
Porém, a maioria foi categórica afirmando que não selecionariam transexuais,
negros oriundos de comunidades de baixa renda (favelados) ou muito menos
pastores ou pais de santo.
A qualificação ou talento não valem nessas circunstâncias. O mais
importante é a máscara que os outros usam – a maquiagem de uma empresa moderna,
arrojada e completamente hipócrita. Essa é a verdade atual, nua e crua, cheia
de preconceito e repressora.
Existem muitos grupos especiais no mundo, além dos homossexuais, negros
e religiosos. Posso considerar os portadores de deficiências físicas,
prostitutos, adictos e ex-presidiários como parte ainda segregada de nossa sociedade.
Muitas empresas hoje reservam vagas especiais aos deficientes como uma
forma de reintegrá-los ao mundo, dando uma nova chance. Não existe tanta
limitação assim na vida deles. Muitos fazem coisas que nunca podíamos imaginar:
praticam esportes, estudam e formam famílias. Porque não trabalhariam? São
capazes de superar obstáculos que a vida impõe de uma forma muito especial,
pois enxergam o mundo de outra forma – simplesmente superam.
Uma vez perguntei a um cadeirante qual era a sua deficiência. Ele me
disse que era tetraplégico por causa de um acidente de carro anos atrás. Depois
dessa resposta, ele me perguntou: “E a sua?” Devolvi a resposta com outra
pergunta: “Como assim a minha deficiência?” Foi um questionamento que fui
obrigado a fazer e refletir sobre minha vida. Ele quis dizer que todos nós
somos fracos em alguma coisa e que padecemos sim com alguma deficiência. Pode
ser uma fraqueza emocional, uma incapacidade de superar algum problema ou,
simplesmente, falta de habilidade com a vida.
A deficiência desse homem em cadeira de rodas era visível, mas a minha
não era (talvez ainda não seja). Nem sempre demonstramos quem realmente somos, pois
temos fragilidades interiores e que somente nossa mente conhece.
Ao invés de unirmos as pessoas, promovemos cada vez mais a segregação –
separamos ou excluímos aquilo ou aqueles que não são iguais a nós mesmos.
Mentimos aos nossos filhos ou liderados com muita frequência com nosso
discurso inflamado de “- Não sou preconceituoso” e somos responsáveis por tanta
intolerância descabida e tão visível a olhos nus.
Podemos mudar isso a começar pelos nossos pensamentos e atitudes,
percebendo o quanto é melhor viver ou trabalhar numa empresa livre de rótulos,
estereótipos ou marginalização.
Um líder de verdade ou humano promove a flexibilidade sócio-cultural,
incentiva as boas ações e respeito à comunidade ou aos colegas de trabalho.
Também deve estar preparado para lidar com situações adversas onde seja
necessário esclarecer mal entendidos e exterminar a intolerância.
Simples atitudes podem exemplificar e ensinar como ser humano no
dia-a-dia e evitar as más condutas. Respeitar os mais humildes, cumprimentar
com carinho as pessoas, não fazer parte de motins ou grupos de fofocas, ser
dócil quando quiser ser ríspido, acalmar os ânimos e dizer o quanto todos são
importantes.
Não espere que os outros tomem a decisão ou atitude de esclarecer ou
orientar em relação a esse tema. Você pode começar agora, sendo solidário e
educando quem precisar.
Dê o primeiro passo na direção certa e veja como vale à pena ser livre
desse mal: o preconceito.
Luiz Gabriel Tiago (Sr. Gentileza)
srgentileza@srgentileza.com.br
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