150 anos de Ernesto Nazareth. Você sabe quem foi esse talentoso pianista e compositor carioca? * Por Marina Morena Tiago.

Ernesto Júlio de Nazareth nasceu no dia 20 de março de 1863 na casa 9 da rua Marquês de Sapucaí no Rio de Janeiro. Foi filho do despachante aduaneiro Vasco Lourenço da Silva Nazareth e de D. Carolina Augusta da Cunha Nazareth. Sua mãe foi quem lhe apresentou ao piano e lhe ministrou as primeiras noções do instrumento, mas após a sua morte, em 1874, Nazareth passou a receber lições de Eduardo Rodolpho de Andrade Madeira, amigo da família, e, mais tarde, lições de Charles Lucien Lambert, um afamado professor de piano de Nova Orleans, radicado no Rio de Janeiro e grande amigo de Louis Moreau Gottschalk.
Compôs sua primeira música aos 14 anos “Você bem sabe”, que foi editada pela famosa Casa Arthur Napoleão no ano seguinte. 
Aos 17 anos (1880), no Club Mozart fez sua primeira provável apresentação pública. No ano seguinte compôs seu primeiro grande sucesso, a polca “Não caio noutra!!!’’ que teve várias reedições. Em 1893, a Casa Vieira Machado lançou uma nova composição sua, o tango "Brejeiro", com o qual alcançou sucesso nacional e até mesmo internacional, sendo pulicada em Paris e nos EUA em 1914. 
Casou-se com sua amada Theodora Amália Leal de Meirelles no dia 14 de julho de 1886, com quem teve quatro filhos. 
Realizou seu primeiro concerto como pianista no ano de 1898. Em 1902 teve sua primeira obra gravada, o tango brasileiro ‘’Está chumbado’’ pela Banda do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro. Em 1904 foi gravada pelo cantor Mário Pinheiro sua composição “Brejeira” com letra de Catulo da Paixão Cearense. Em 1908, começou a trabalhar como pianista na Casa Mozart. No ano seguinte, participou de recital realizado no Instituto Nacional de Música, interpretando a gavotta "Corbeille de fleurs" e o tango característico "Batuque". 
Em 1919, começou a trabalhar como pianista demonstrador da Casa Carlos Gomes à Rua Gonçalves Dias, de propriedade do também pianista e compositor Eduardo Souto, com a função de executar músicas para serem vendidas. 
Em 1919, a Banda do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro gravou os tangos "Sarambeque" e "Menino de ouro" e a valsa "Henriette". E em 1920, Heitor Villa-Lobos dedicou a ele a peça "Choros nº 1", para violão. 
Intérprete constante de suas próprias composições, Nazareth apresentava-se como pianista em salas de cinema, bailes, reuniões e cerimônias sociais. De 1909 a 1913, e de 1917 a 1918, trabalhou na sala de espera do antigo Cinema Odeon (anterior ao prédio moderno da Cinelândia), onde muitas personalidades ilustres iam àquele estabelecimento apenas para ouvi-lo. Foi em homenagem à famosa sala de exibições que Nazareth batizou sua composição mais famosa, o tango "Odeon". No mesmo Cine Odeon travou conhecimento, entre outros, com o pianista Arthur Rubinstein e com o compositor Darius Milhaud, que viveu no Brasil entre 1917 e 1918 como secretário diplomático da missão francesa. 
Vivia em uma casa no bairro de Ipanema desde 1917. Nos final dos anos 1920, seu problema de audição é agravado, sendo resultante de uma queda que sofreu na infância. Em 1932 é diagnosticado como portador de sífilis e em 1933 é internado na Colônia Juliano Moreira, em Jacarepaguá. 
No dia 1 de fevereiro de 1934, Nazareth fugiu do manicômio. Seu corpo só foi encontrado três dias depois, em estado de decomposição, próximo a uma cachoeira. Foi sepultado no Cemitério de São Francisco Xavier, no Caju, mesma região da cidade onde nasceu.

Discografia

- Radamés e Aida Gnattali interpretam Nazaret & Gnattali, 1993, Rádio Mec, Kuarup Discos M-KCD-065
- Ernesto Nazaré, Artur Moreira Lima (4 vols), 1994-1995, Discos Marcos Pereira 0019/020
- Brasil: Obras de Ernesto Nazareth e Darius Milhaud, 1996, Marcelo Bratke, Olympia 946062
- História da Música Popular Brasileira, Abril Cultural (nas 3 edições)





* Marina Morena Tiago é estudante e colunista especial do Blog do Sr. Gentileza. Semanalmente envia textos e notícias sobre temas em geral. Escreva para ela: marina.morena@srgentileza.com.br









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