De ambulante a mensageiro da gentileza: o brasileiro que está conquistando o mundo.



Sou simples e de origem humilde – nada diferente de cada um de todo o mundo que está lendo esse texto. Minha história de vida não me torna melhor do que qualquer pessoa nem extraordinário pois todos sabemos a necessidade de superar as dificuldades, fases difíceis e problemas.

Fui criado pelos meus avós maternos. Minha avó era auxiliar de enfermagem. Meu avô, policial. Minha mãe fez parte da minha educação (até hoje, pois é incansável na arte de me lembrar que vai chover num dia ensolarado, rs) mas era professora – manhã, tarde e noite, além de ser baby-sitter nas horas vagas para complementar a renda.

Meu sonho de infância era ser engenheiro civil, construir pontes, estradas e edifícios. Meu pai, que não convivi, era agrimensor, fazia medições de ruas, avenidas e construções. Queria ser que nem ele, apesar da distância, cresci sonhando em construir passagens que facilitassem a vida das pessoas e de toda a sociedade.

Aos 15 anos, descobri que não teria conteúdo escolar suficiente para ser aprovado no vestibular de uma universidade pública, efeito de tantas crises e greves na educação do meu estado. Tive uma educação básica e média deficientes, apesar de todo o meu esforço em realizar o meu sonho de ser engenheiro. Para fazer um curso preparatório para o vestibular, muito caro para meus avós poderem pagar, decidi procurar emprego mesmo sem experiência e encontrei.

Foto: internet.
Trabalhei muito tempo como vendedor ambulante de café no Centro do Rio de Janeiro e, pela primeira vez, descobri que estava no Centro da minha própria vida. Identifiquei a posição estratégica que ocupava e tomei conta dela.

Nessa mesma época ainda usava kichute e conga. Era o que a gente tinha. Minha avó fazia questão de engraxar o par de kichute, inclusive o cadarço. Quem é dessa época lembra muito bem que era um tênis unissex, meninos e meninas usavam o mesmo modelo, era feito de pneu de caminhão porque o “bicho” não acabava nunca. Minha avó cuidava deles com muito carinho. Tinha muito zelo e engraxava até o cadarço. Eram tão cumpridos que a gente trançava toda a panturrilha com eles e fazia os laços na altura dos joelhos (rs).

Como vendedor ambulante de café entre as 05h e 08h – de segunda a sexta feira, convivi com todo o tipo de gente. Convivi com gente honesta e trabalhadora desse Brasil, que acordava de madrugada para chegar a tempo no trabalho. Gente que também sabia que estava no centro da sua vida, identificava sua posição e tomava conta dela porque sabia qual era seu propósito.

Antigo "kichute".
Muitos não sabem qual é o seu propósito nem para onde têm que ir. Quando a gente questiona o porquê, respondem que “- você não sabe como é a minha vida...são tantas coisas...”. Sei sim! Sei porque sou igual a você. Sei porque também passo por poucas e boas até hoje. Sei porque sei quem eu sou. Independentemente de como eu esteja me sentindo, como eu “estou” não muda quem eu “sou”. Mas, quem eu “sou”, interfere diretamente em como eu “estou”. Eu sei quem eu “sou”. “- Ah, mas são tantas coisas que acontecem na minha vida...lá em casa somente eu trabalho. Se eu não correr atrás, ninguém corre. Se eu não pagar, ninguém paga. Se eu não trabalhar, ninguém trabalha. São tantas coisas...”.

Aprendi que, para transformar, para mudar uma realidade, para solucionar qualquer dificuldade, basta um! Basta um na sua casa, basta um no seu trabalho, basta um em qualquer grupo a qual você pertença. Basta um.

José Datrino, Rio de Janeiro (1917-1996)
Na época que vendia cafezinho nas ruas do Centro do Rio de Janeiro, convivi com pessoas que me ensinaram muito. Me ensinaram através das suas expressões de cansaço, de garra e determinação. Uma dessas pessoas me marcou muito porque fazia algo diferente de qualquer outra: estava nas ruas para ensinar gentileza. O nome dele era José Datrino, figura excêntrica, muitas vezes chamado de louco, ficava o dia inteiro gritando: “- Gentileza gera gentileza. O homem do futuro é o homem gentil”. Ele não era conhecido pelo seu nome. Tinha um apelido carinhoso – Profeta Gentileza.

Quando era chamado de maluco, respondia com segurança: “- Sou maluco pra te amar. Sou maluco pra te salvar. Um dia, meus irmãos, a gentileza salvará a humanidade. Um dia, todos vocês clamarão por gentileza no mundo”.

Ele estava certo. Olha pra gente hoje. Olha para as nossas cidades. Olha para o nosso país. Olha para o mundo. Gentileza é urgente. A falta dela é situação de calamidade pública. O homem do futuro somos nós. Nós somos esse “homem” que precisa ter o compromisso de plantar sementes do bem para que as futuras gerações colham frutos de amor.

No final do ano fiz dois vestibulares. Fiz o vestibular para Matemática na Universidade Federal do Rio de Janeiro e para Engenharia Civil na Universidade Federal Fluminense. Também comecei a estudar inglês, minha avó me ajudava a pagar com as moedas que juntava.

Semanas depois, o vendedor ambulante de café, prestes a completar 16 anos, simples, que usava kichute e conga, que tinha aprendido a tomar conta da sua posição no mundo, chorava ao ver seu nome nas duas listas de aprovados nos vestibulares para Matemática e Engenharia Civil.

Passei em 21º. lugar para Matemática e em 11º. lugar para Engenharia Civil. No ano seguinte comecei a estudar Engenharia, em período integral. Deixei o trabalho de vendedor de cafezinho para me dedicar aos estudos. Eu tinha um sonho realizado!

Ponte sustentada por mãos no Vietnã
Seis meses depois descobri que não era a minha vocação e tranquei a faculdade de Engenharia (rs). Já tinha aprendido a tomar as rédeas e ter o controle da minha própria vida. Me reinventei, deixei a faculdade e voltei para as ruas. Trabalhei por um ano inteiro, continuei o curso de inglês e, finalmente, fui aceito na faculdade de Turismo. Estudei, me formei e atuei por mais de 10 anos numa rede hoteleira. Viajei o mundo. Conheci outras realidades.

Voltei a estudar e a me dedicar ao estudo da gentileza e seus impactos na vida da gente. Afinal de contas, tive um professor e inspirador nas ruas. Ouvi uma voz, um chamado, precisava fazer alguma coisa para mudar a situação do mundo. Só se falava em egoísmo, grosseria, violência, inflação e corrupção. Sabia que só transformamos por amor, que a paz só é gerada com paz e nunca com guerra.

Sabia que cada um de nós era como um pontinho de luz. Podemos iluminar a vida das pessoas com simplicidade, singeleza e carinho. Basta um. Basta um querer, arregaçar as mangas. Também sabia que se eu me unisse a você, a vocês, seríamos mais fortes e o impacto muito maior no mundo.

Estava no centro da minha própria vida. Sabia qual era a minha posição e tomei conta dela. No final de 2009 me reinventei. Deixei a hotelaria e fundei uma Obra dedicada à gentileza – Pontinho de Luz. No início éramos somente uma Empresa especializada em treinamentos e workshops para despertar em profissionais a vontade de serem gentis no trabalho (e deu certo!).

Depois começamos a agrupar pessoas com o propósito de fazer o bem e que tinham a crença de que só o amorrr podia transformar surgindo a Rede Mundial de Gentileza. As pessoas foram chegando, se juntando, arregaçando as mangas e o exército foi crescendo pelo Brasil. Aos poucos foi se espalhando pelo mundo nos rendendo duas indicações consecutivas ao Prêmio Nobel da Paz (2018 e 2019). Aos poucos fomos tomando conta das ruas, dos lares, das empresas, da sociedade. Porque o bem edifica. Porque o a paz alivia. Porque gentileza contagia.



Luiz Gabriel Tiago @srgentileza
Fundador da Pontinho de Luz, palestrante e escritor
E-mail: assessoria@srgentileza.com.br
Whatsapp: (11) 95125-9858

Comentários

  1. Amei conhecer sua história, parabéns pela garra!
    Já participei e te admiro demais!
    Vá em frente Deus é contigo.

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    1. Obrigado, Sirlei! Que legal ter sua companhia por aqui. Deus te abençoe!

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  2. Ser membro Pontinho de Luz foi de extrema imoort5na minha vida. Eu precisava disso verdadeiramente. Espalhar todo amoRRR e gratidão que tinha em mim, para onde quer que eu vá . Essa é a vontade de Deus para a humanidade. Sou feliz !!

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    1. Que coisa linda! Somos muito felizes por sermos dessa família Pontinho de Luz. Deus te abençoe!

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  3. Bela história e excelente exemplo Gabriel!!! Parabéns!! Que inspire muitas pessoas!!!

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    1. Querido Hélio, bom dia! Muito obrigado pelo carinho. Deus te abençoe 🤗

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