Texto: FAÇA POR MERECER A GENTILEZA * Por Luiz Gabriel Tiago

Todo ser humano sabe até onde pode ir num contato com os outros sem extrapolar o bom senso e ferir a intimidade, mesmo porque as pessoas precisam saber separar e dividir o profissional da empresa do sujeito como pessoa. Tudo bem! Nem todos sabem disso. Tem gente que é bastante inconveniente, indiscreta e fofoqueira. Com certeza ainda escreverei sobre isso, pois é um assunto que não se encerra nunca e muito difícil de ser extinto nas empresas.
Os seres humanos têm sentimentos, não são irracionais (tem gente que não consegue pensar muito não). Sofrem, choram, têm problemas, têm família e é muito difícil desvincular o lado pessoal do profissional. Todos nós já tivemos momentos muito ruins e fomos ao trabalho cumprir nossa obrigação, mesmo com o desânimo mental nos forçando a ficar em casa e poder resolver as pendências.
Devemos reconhecer nas pessoas que trabalhamos a humanidade e amizade, mesmo que não possamos unir as duas vidas (pessoal e profissional) da forma que desejamos. Ambas nos exigem bastante dedicação fazendo com que nossas atividades sejam intensas e cheias de dissabores. Devemos colaborar para que seja aliviada de tanta tensão e possamos aproveitá-la ao máximo. Somos perecíveis e podemos nos deteriorar muito facilmente. Por isso, não podemos ajudar a degradar o que sentimos com a hostilidade e o menosprezo à emoção.
Como fazer então para não misturá-las? A resposta está dentro de cada um e é intransferível. Pode ser complexa ou bastante simples: com a construção do altruísmo e a (trans) formação de um bom caráter. A gente sabe quando as pessoas têm essas virtudes e qualidades.
É fácil ver que existem seres humanos dignos quando demonstram carinho e compaixão pela dor dos outros; apesar da empatia ser um mérito de poucos, deveria ser trabalhada nas corporações, pois é uma diretriz para a satisfação pessoal.
O discurso inflamado dos teóricos que persistem na separação das "vidas" nem sempre pode ser aplicado. Às vezes o problema é tão grave que não conseguimos deixá-lo do lado de fora da empresa. Aonde formos ele (o problema) estará lá. Sem querer ser pessimista, pois dissemino o altruísmo e positivismo, mas tento ser o mais realista possível para que todos entendam que não somos perfeitos e precisamos ainda de muito aprendizado.
A maturidade não é conquistada da noite pro dia, é um exercício contínuo e que exige muita habilidade.
Basta não se perturbar, pois levar os problemas conosco é normal e natural. Ninguém está imune a intempéries e dificuldades. Portanto, essa história é bastante relativa. Sem essa! Todo mundo tem o direito de chorar e se sentir frustrado durante o expediente! Todos podem se ausentar um tempo para respirar e tomar uma água. Nós que fazemos nosso tempo e sabemos quando é hora de arejar a cabeça.
Cabe ao bom líder saber conduzir com discernimento a situação e não produzir um sentimento de culpa em sua equipe, deixando o colaborador à vontade para se refazer e se sentir protegido pela empresa. Afinal de contas, ninguém produz sem estar num estado de espírito harmônico e tranquilo.
A gentileza está inserida nesse contexto e quase ninguém conhece realmente seu significado. Ser gentil requer bastante competência de se comunicar com bondade e caráter, esse último indispensável sempre. A benevolência produz um efeito cascata em todos os setores da vida como o equilíbrio e bem estar, ratificando o que todo líder precisa saber e tirando as máscaras daqueles que insistem na falsidade e mediocridade.
A humanização do trabalho começa por aí e perfazendo um caminho de sucesso em toda a corporação, pois todos sentem a necessidade de comungar da mesma filosofia.
Falar a mesma língua no ambiente corporativo é fundamental para sedimentar bons relacionamentos interpessoais e contribuir para o desenvolvimento harmônico das atividades.
Como falei no início desse texto, a resiliência é uma competência admirável nos dias atuais, pois todos nós temos que ser capazes de transpor as adversidades e encará-las como forma de crescimento indiscutivelmente. Devemos buscar forças para trabalhar com esmero e dedicação além de contribuirmos para o sucesso comum.
Se você é chefe, preste bem a atenção na próxima frase: se acha seu colaborador incapaz, treine-o! Delibere atividades, descentralize o poder e tente. Gerencie pessoas e os sentimentos para podê-los envolver na gestão dos processos e números. Assim não sentirá algo vazio na jornada do dia e contribuirá para o sucesso coletivo. Muitos esperam e dependem disso, pois o bom líder se sente atraído por aprender e depois obrigado a ensinar.
As equipes acabam se deteriorando e sendo exterminadas pelo fracasso na condução de mentes e sentimentos não entendidos. Cada um faz parte de uma conjuntura e sistema indivisíveis na tangente da estabilidade emocional e pessoal.
Digo, cada pessoa reage a estímulos de forma diferente e as reações aos problemas são as mais diversas. Não existe receita de bolo para isso muito menos um manual. O que vale nessas horas é usar o bom senso e saber ser ponderado no contato com outras pessoas.
Reforço a comprovada teoria de que recebemos aquilo que damos e ninguém pode contestar isso. Seja paciente, cauteloso e sensível aos que estão a sua volta e que, de certa forma, dependem de sua aprovação ou simplesmente de uma palavra amiga.
Um bom líder ou colega de trabalho precisa, em muitas das vezes, escutar mais do que falar.
Que isso sirva de exemplo para quem estiver lendo esse texto, independente da atividade que desempenha. Se você é líder ou chefe de uma equipe, gerente, superintendente, diretor, seja qualquer que seja o seu cargo, nunca se esqueça de que as pessoas têm sentimentos e não são máquinas. A escala de produção é movida pela racionalidade e capacidade de gerir emocionalmente. Todos querem carinho e almejam se sentir queridos.
Basta um pingo de solidariedade para se perceber a amizade. Basta um pouco de humanidade para movimentar uma equipe de forma favorável e ser lembrado sempre como um gestor que fez por merecer a posição que ocupa.


LUIZ GABRIEL TIAGO
twitter.com/senhorgentileza

Comentários